Relatório de Desenvolvimento
do Subprojeto do PIBID
Bolsista de ID
1.
Identificação
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1.1.Subprojeto
Letras Português: “Grafitagens
– Gêneros Textuais e Identidades Culturais”
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1.2.Nome do bolsista,
matrícula e email:
Cosme
Borges Machado, matrícula 71320113.
E-mail: falecomcosmeborges@hotmail.com
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2.
Objetivos:
|
-
levar discentes do curso de Licenciatura em Letras a refletir criticamente
sobre a concepção de ensino de língua materna a partir dos gêneros textuais,
em contato com diferentes realidades culturais da Baixada Fluminense;
-
relacionar os diferentes gêneros textuais ao painel histórico social das
comunidades envolvidas, em diálogo também com as inovações tecnológicas e com
a produção de novos gêneros visíveis nas telas/paredes das mídias
digitais;
-
oportunizar, aos discentes envolvidos, a vivência no cotidiano escolar de
questões teóricas/metodológicas vinculadas a sua formação docente debatidas
na universidade;
-
implementar, em unidades de educação básica, ações que estimulem o
desenvolvimento da competência comunicativa através do uso de diferentes
gêneros textuais e que sensibilizem para a dinâmica social de construção das
identidades culturais, em um constante processo de atualização e imbricagem
de sentidos
|
3.
Descrição das Atividades Previstas e Desenvolvidas:
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- participação no I Encontro
PIBID UNIABEU, em 8/03/2014.
-reuniões com a coordenadora do
subprojeto Letras Português, prof. Claudia Fabiana de Oliveira Cardoso, no Uniabeu
- Centro Universitário: atividades de formação dos bolsistas, com grupo de
estudos para leitura crítica da bibliografia inicial; instruções sobre as
escolas participantes, a atuação no projeto, a confecção do blog,
a elaboração do currículo lattes; e discussão sobre a elaboração e
a execução da avaliação diagnóstica.
-reuniões com o professor
supervisor do Instituto de Educação Carlos Pasquale, Daniel Martins
Junqueira: reconhecimento da realidade escolar e avaliação do ensino de
língua portuguesa a partir dos gêneros textuais nas turmas e discussão sobre
a elaboração e a execução da avaliação diagnóstica.
- reunião com a coordenadora
geral do PIBID UNIABEU: prof. Shirley Carreira, em 21 de maio de 2014, no
Uniabeu - Centro Universitário, com instruções
sobre participação no projeto e elaboração do blog.
-confecção e atualização do blog
(pibid-uniabeuportuguescosmemachado.blogspot.com.br)
- elaboração do currículo
lattes
- fichamentos dos textos:
·
“Produção textual, análise do texto e compreensão - segunda parte: Gêneros
textuais no ensino da língua”. Marcuschi, Luiz Antônio.
·
“Orientações curriculares para o Ensino
Médio. Volume 1: linguagem, códigos e suas tecnologias”.
- elaboração, junto com o
grupo, das questões para a avaliação diagnóstica, em 03 de junho de 2014.
- aplicação da avaliação
diagnóstica, em 05 de junho de 2014.
- análise dos resultados da
avaliação diagnóstica, em 26 de junho de 2014.
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4.
Descrição das Atividades Previstas e Não
Desenvolvidas:
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No decorrer do
semestre, não houve nenhuma atividade que tivesse sido discutida e não desenvolvida.
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HALL,
Stuart. Identidade cultural na
pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
MARCUSCHI,
Luiz Antônio. Produção textual, análise
de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
Orientações Curriculares
Nacionais. Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria da Educação Básica, 2006.
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6.
Anexos (se necessário)
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Nilópolis, 15 de
julho de 2014.
Cosme Borges Machado
Fichamento do livro A IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS-MODERNIDADE Stuart Hall
1. A IDENTIDADE EM QUESTÃO
“A questão da identidade está sendo
extensamente discutida na teoria social. Em
essência, o
argumento é o
seguinte: as velhas
identidades, que por
tanto tempo estabilizaram o
mundo social, estão em declino,
fazendo surgir novas
identidades e fragmentando o indivíduo
moderno, até aqui visto como um sujeito unificado.” (p.7)
“O propósito deste livro é explorar
algumas das questões sobre a identidade cultural na modernidade tardia e
avaliar se existe uma "crise de identidade", em que consiste essa crise e em que direção
ela está indo. O livro se volta para questões como:Que pretendemos dizer com "crise
de identidade"? Que acontecimentos recentes nas sociedades modernas precipitaram essa
crise? Que formas ela toma? Quais são suas consequências potenciais? A primeira
parte do livro (caps. 1-2) lida com mudanças nos conceitos de
identidade e de
sujeito. A segunda
parte (caps. 3-6)
desenvolve esse argumento com
relação a identidades
culturais — aqueles
aspectos de nossas identidades que
surgem de nosso
"pertencimento" a culturas
étnicas, raciais,lingüísticas,
religiosas e, acima de tudo, nacionais.”(p.7-8)
Três concepções de identidade
“Para os propósitos desta exposição,
distinguirei três concepções muito diferentes de identidade, a saber, as
concepções de identidade do:a) sujeito do Iluminismo,b) sujeito sociológico e
c) sujeito pós-moderno.
O sujeito do Iluminismo estava baseado numa concepção da pessoa humana como
um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão,
de consciência e de ação, cujo "centro" consistia num núcleo
interior, que pela primeira vez quando o
sujeito nascia e com ele se
desenvolvia, ainda que permanecendo essencialmente o mesmo —
continuo ou "idêntico" a ele — ao longo da existência do indivíduo. O
centro essencial do eu era a identidade de urna pessoa.” (p.10)
“A noção de sujeito sociológico refletia a
crescente complexidade do mundo moderno e a consciência de que este núcleo
interior do sujeito não era autônomo e auto-suficiente, mas era formado na
relação com "outras pessoas importantes para ele", que mediavam para
o sujeito os valores, sentidos e símbolos — a cultura — dos mundos que ele/ela
habitava.(...) De acordo com essa visão, que se tornou a concepção sociológica
clássica da questão, a identidade é formada na "interação" entre o eu
e a sociedade. O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o
"eu real", mas este é formado e modificado num diálogo contínuo com
os mundos
culturais"exteriores" e as identidades que esses mundos
oferecem.”(p.11)
“A identidade, então, costura (ou, para
usar uma metáfora médica, "sutura") o sujeito à estrutura. Estabiliza tanto
os sujeitos quanto os
mundos culturais que eles habitam, tornando ambos reciprocamente
mais unificados e predizíveis.”(p12)
“Argumenta-se, entretanto, que são
exatamente essas coisas que agora estão"mudando".O sujeito, previamente vivido como tendo uma
identidade unificada e estável, está
se tornando fragmentado;composto não de uma
única, mas de várias identidades,algumas vezes contraditórias ou não-
resolvidas. Correspondentemente, as identidades, que compunham as paisagens
sociais "lá fora" e que asseguravam nossa conformidade subjetiva com
as "necessidades" objetivas da cultura, estão entrando emcolapso,
como resultado de mudanças estruturais e institucionais. O próprio processo de
identificação, através do qual nos projetamos em nossas identidades culturais,
tornou-se mais provisório, variável e problemático.”(p.12)
“Esse processo produz o sujeito pós-moderno, conceptualizado como não
tendo uma identidade fixa, essencial ou
permanente. A identidade torna-se uma "celebração móvel": formada transformada
continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos
sistemas culturais que nos rodeiam (Hall, 1987). E definida historicamente, e não
biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em
diferentes momentos, identidades
que não são
unificadas ao redor
de um "eu"coerente. Dentro de nós há
identidades contraditórias,
empurrando em
diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo
continuamente deslocadas.”(p.12-13)
“Argumenta-se, entretanto, que são exatamente essas
coisas que agora estão "mudando". O sujeito, previamente vivido como tendo
uma identidade unificada e estável,
está se tornando
fragmentado; composto não
de uma única,
mas de várias identidades,algumas vezes
contraditórias ou não resolvidas. Correspondentemente, as identidades, que
compunham as paisagens sociais "lá fora" e que asseguravam nossa conformidade
subjetiva com as "necessidades" objetivas da cultura, estão entrando
em colapso, como resultado de mudanças estruturais e institucionais. O próprio
processo de identificação, através do qual nos projetamos em nossas identidades
culturais, tornou-se mais provisório, variável e problemático.”(p.12)
Esse processo produz o sujeito pós-moderno, conceptualizado como não
tendo uma identidade fixa, essencial ou
permanente. A identidade torna-se uma "celebração móvel": formada transformada
continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos
sistemas culturais que nos rodeiam (Hall, 1987). E definida historicamente, e não
biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em
diferentes momentos, identidades
que não são
unificadas ao redor
de um "eu" coerente. Dentro
de nós há
identidades contraditórias, empurrando
em diferentes direções, de
tal modo que
nossas identificações estão
sendo continuamente deslocadas.”(p.12-13)
O caráter da mudança na modernidade tardia
“Um outro aspecto desta questão da
identidade está relacionado ao caráter da mudança na
modernidade tardia; em
particular, ao processo
de mudança conhecido como "globalização"
e seu impacto sobre a identidade cultural.”(p.14)
“As sociedades modernas são,
portanto, por definição, sociedades de mudança constante, rápida e permanente. Esta é
a principal distinção
entre as sociedades "tradicionais" e as
"modernas".”(p.14)
“Giddens cita, em particular, o
ritmo e o alcance da mudança — "à medida em que áreas diferentes do globo são
postas em interconexão umas com as outras, ondas de transformação social atingem
virtualmente toda a superfície da terra" — e a natureza das instituições modernas (Giddens,
1990, p. 6).”(p.15)
2. NASCIMENTO E MORTE DO SUJEITO MODERNO
“Meu objetivo é traçar os estágios através dos quais uma versão
particular do "sujeito humano" — com certas
capacidades humanas fixas e um sentimento estável de sua própria identidade e lugar na ordem
das coisas — emergiu pela primeira vez na idade moderna; como ele se tornou
"centrado", nos discursos e práticas que moldaram as sociedades modernas; como adquiriu
uma definição mais sociológica ou interativa; e como
ele está sendo
"descentrado" na modernidade tardia. O foco principal deste capítulo é conceitual,
centrando-se em concepções mutantes do sujeito humano, visto como uma figura
discursiva, cuja forma unificada e identidade racional eram pressupostas tanto
pelos discursos do pensamento moderno quanto pelos processos que moldaram a
modernidade, sendo-lhes essenciais.” (p.23)
"As transformações associadas à
modernidade libertaram o indivíduo de seus apoios estáveis nas tradições e
nas estruturas. Antes se acreditava que essas eram
divinamente estabelecidas; não estavam sujeitas, portanto,amudanças
fundamentais.”(p.25)
“Raymond Williams observa que a história moderna do sujeito individual
reúne dois significados distintos: por um
lado, o sujeito é "indivisível" — uma entidade que é unificada no seu próprio interior e não
pode ser dividida além disso; por outro lado, é também uma entidade que é
"singular, distintiva, única" (veja Williams, 1976; pp. 133-5: verbete
"individual").”(p.25)
“Muitos movimentos
importantes no pensamento
e na cultura
ocidentais contribuíram para a emergência dessa
nova concepção: a Reforma e o Protestantismo,que libertaram
a consciência individual
das instituições religiosas
da Igreja e a
expuseram diretamente aos olhos de Deus; o Humanismo Renascentista, que colocou
o Homem (sic) no
centro do universo;
as revoluções cientificas, que
conferiram ao Homem a faculdade
e as capacidades para inquirir, investigar e decifrar os mistérios da Natureza;
e o Iluminismo, centrado na imagem do Homem racional, científico, libertado do
dogma e da intolerância, e diante do qual se estendia a totalidade da história
humana, para ser compreendida e dominada.”(p.25-26)
Emergiu, então, unia concepção mais social do sujeito. O indivíduo
passou a ser visto
como mais localizado
e "definido" no
interior dessas grandes
estruturas e formações
sustentadoras da sociedade moderna.”(p.30)
“O segundo evento foi o surgimento das
novas ciências sociais. Entretanto, as transformações que isso pôs em ação
foram desiguais:
• O "indivíduo soberano", com
as suas (dele) vontades, necessidades, desejos e interesses, permaneceu
a figura central
tanto nos discursos
da economia moderna quanto nos
da lei moderna. (...)
•
A sociologia, entretanto, forneceu uma crítica do "individualismo
racional" do sujeito cartesiano. Localizou o
indivíduo em processos de grupo e nas normas coletivas as quais, argumentava,
subjaziam a qualquer contrato entre sujeitos individuais. Em conseqüência,
desenvolveu uma explicação alternativa do modo como os indivíduos são formados subjetivamente
através de sua participação em relações sociais mais amplas ; e,
inversamente, do modo como os processos e as estruturas são
sustentados pelos papéis
que os indivíduos
neles desempenham.”(p.30-31)
“(...)um quadro mais perturbado e
perturbador do sujeito e da identidade estava começando a
emergir dos movimentos
estéticos e intelectuais associado
com o surgimento do Modernismo.Encontramos,
aqui, a figura do indivíduo isolado, exilado ou alienado, colocado contra o
pano-de-fundo da multidão ou da metrópole anônima e impessoal.”(p.32)
Descentrando o sujeito
“Aquelas pessoas que
sustentam que as identidades modernas
estão sendo fragmentadas
argumentam que o que aconteceu à concepção do sujeito moderno, na modernidade
tardia, não foi simplesmente sua
desagregação, mas seu deslocamento. Elas descrevem esse deslocamento
através de uma série de rupturas nos discursos do conhecimento moderno.”(p.34)
“A primeira descentração importante refere- se às tradições do
pensamento marxista.Os escritos de Marx pertencem, naturalmente, ao século XIX
e não ao século XX. Mas um dos modos pelos quais seu trabalho foi redescoberto
e reinterpretado na década de sessenta foi à luz da sua afirmação de que os
"homens (sic) fazem a história, mas apenas sob as condições que lhes são
dadas".(...) Essa "revolução teórica total" foi, é
óbvio,fortemente contestada por
muitos teóricos humanistas
que dão maior
peso, na explicação histórica, à
agência humana.”(p.34-36)
“Assim, a identidade é realmente algo formado, ao longo do tempo,
através de processos inconscientes, e
não algo inato, existente na
consciência no momento do nascimento. Existe sempre algo "imaginário" ou
fantasiado sobre sua unidade. Ela
permanece sempre incompleta, está sempre "em processo", sempre
"sendo formada".”(p.38)
“O terceiro descentramento que
examinarei está associado com o trabalho do lingüista estrutural, Ferdinand de
Saussure. Saussure argumentava que nós não somos,em nenhum sentido, os
"autores" das afirmações que fazemos ou dos significados que
expressamos na língua. Nós podemos utilizar a língua para produzir significados
apenas nos posicionando no interior das regras
da língua e dos sistemas de significado de nossa
cultura. A língua é um sistema social e
não um sistema individual. Ela preexiste a nós. Não podemos, em qualquer sentido
simples, ser seus autores. Falar uma língua
não significa apenas
expressar nossos pensamentos
mais interiores e
originais; significa também
ativar a imensa gama de significados que já estão embutidos em nossa língua e
em nossos sistemas culturais.”(p.40)
“O quarto descentramento principal da
identidade e do sujeito ocorre no trabalho do
filósofo e historiador
francês Michel Foucault. Numa série de estudos, Foucault produziu uma
espécie de "genealogia do sujeito moderno". Foucault destaca um novo tipo de poder, que ele chama de
"poder disciplinar", que se desdobra ao longo do século XIX, chegando ao seu desenvolvimento
máximo no início do presente século. O poder
disciplinar está
preocupado, em primeiro
lugar, com a
regulação, a vigilância
é o governo da espécie humana ou
de populações inteiras e, em segundo lugar, do indivíduo e do corpo.”(p.41-42)
“O
quinto descentramento que os proponentes dessa posição citam
é o impacto do feminismo, tanto
como uma crítica
teórica quanto como
um movimento social.
O feminismo faz parte daquele
grupo de "novos movimentos
sociais", que emergiram
durante os anos sessenta (o grande marco da modernidade tardia), juntamente com
as revoltas estudantis, os movimentos juvenis contraculturais e antibelicistas,
as lutas pelos direitos civis, os movimentos revolucionários do
"Terceiro Mundo", os movimentos pela paz e tudo aquilo que
está associado com "1968".”(p.43-44)
“Neste capítulo, tentei, pois, mapear
as mudanças conceituais através das quais, de acordo
com alguns teóricos,
o "sujeito" do
Iluminismo, visto como
tendo urna identidade fixa
e estável, foi
descentrado, resultando nas
identidades
abertas,contraditórias, inacabadas, fragmentadas, do sujeito
pós-moderno. Descrevi isso através de
cinco descentramentos. Deixem-me
lembrar outra
vez que muitas
pessoas não aceitam as
implicações conceituais e
intelectuais desses desenvolvimentos do pensamento moderno. Entretanto, poucas
negariam agora seus efeitos profundamente desestabilizadores sobre as idéias
da modernidade tardia e, particularmente, sobre a forma como o sujeito e a questão da identidade
são conceptualizados.”(p.46)
3. AS CULTURAS NACIONAIS COMO COMUNIDADES IMAGINADAS
“A identidade cultural particular com a
qual estou preocupado é a identidade nacional (embora outros aspectos estejam aí
implicados).” (p.47)
“Ernest Gellner, a partir de uma
posição mais liberal, também acredita que sem um sentimento de identificação nacional o
sujeito moderno experimentaria um profundo sentimento de perda subjetiva.”(p.48)
“As pessoas não são apenas cidadãos/ãs
legais de uma nação; elas participam da idéia da nação tal como representada em sua
cultura nacional. Uma nação é uma comunidade simbólica e é isso que explica seu
"poder para gerar um sentimento de identidade e lealdade”
Narrando a nação: uma comunidade imaginada
“As culturas nacionais são compostas
não apenas de instituições culturais, mas também de símbolos e representações. Uma
cultura nacional é um discurso — um modo de construir sentidos que influencia e
organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos(...)”(p.50)
“Como
argumentou Benedict Anderson
(1983), a identidade
nacional é uma "comunidade imaginada".”
(p.51)
“Que estratégias representacionais são acionadas
para construir nosso senso comum sobre o pertencimento ou sobre a
identidade nacional? Quais são as representações,digamos, de "Inglaterra", que
dominam as identificações e definem as identidades do povo "inglês"?”(p.51).
“Em segundo lugar,
há a ênfase
nas origens, na
continuidade, na tradição
e na intemporalidade. A
identidade nacional é representada como primordial — "está lá, na
verdadeira natureza das coisas", algumas vezes adormecida, mas sempre pronta
para ser "acordada" de sua
"longa, persistente e
misteriosa
sonolência", para reassumir
sua inquebrantável existência (Gellner,
1983, p. 48). Os elementos essenciais do caráter nacional
permanecem imutáveis, apesar de todas
as vicissitudes da história. Está lá desde o nascimento, unificado e contínuo,
"imutável" ao longo de todas as mudanças,eterno.”(p.53)
“Uma terceira estratégia discursiva é
constituída por aquilo que Hobsbawm e Ranger chamam de invenção da tradição:
"Tradições que parecem ou alegam ser antigas são muitas
vezes de origem
bastante recente e
algumas vezes inventadas... Tradição inventada significa um conjunto de práticas...
, de natureza ritual ou simbólica, que buscam inculcar certos valores e normas
de comportamentos através da repetição, a qual,
automaticamente, implica continuidade com
um passado histórico adequado".”(p.54)
“Um quarto exemplo de narrativa da
cultura nacional é a do mito
fundacional: uma estória que localiza a origem da nação,
do povo e de seu caráter nacional num passado tão distante que eles se perdem nas
brumas do tempo, não do tempo "real", mas de um tempo "mítico". Tradições
inventadas tornam as confusões e os desastres da história inteligíveis, transformando a desordem
em "comunidade" (por exemplo, a Blitz ou a evacuação durante
a II Grande
Guerra) e desastres
em triunfos (por
exemplo, Dunquerque).”(p.54-55)
“O discurso da cultura nacional não é, assim, tão moderno
como aparenta ser. Ele constrói identidades
que são colocadas,
de modo ambíguo,
entre o passado
e o futuro.”(p.56)
Desconstruindo a "cultura nacional": identidade e diferença
“A seção anterior discutiu como uma cultura
nacional atua como uma fonte de significados culturais, um foco de
identificação e um sistema de representação. Esta seção volta-se agora para a
questão de saber se as culturas nacionais e as identidades nacionais que elas constroem são
realmente unificadas.”(p.57-58)
“Uma cultura nacional nunca foi um simples
ponto de lealdade, união e identificação simbólica.(...) A
maioria das nações
consiste de culturas
separadas que só
foram unificadas por um longo processo de conquista violenta —isto é,
pela supressão forçada da
diferença cultural.(...) Em
segundo lugar, as
nações são sempre
compostas de diferentes classes
socais e diferentes grupos étnicos e de gênero.” (p.59-60)
“A etnia é o termo que utilizamos para
nos referirmos às características culturais língua, religião, costume, tradições,
sentimento de "lugar" — que são partilhadas por um povo.(...) As nações modernas silo,
todas, híbridos culturais.”(p.62)
“E ainda mais difícil unificar a
identidade nacional em torno da raça. Em primeiro lugar, porque
— contrariamente à
crença generalizada —
a raça não
é uma categoria biológica ou
genética que tenha
qualquer validade científica.
Há diferentes tipos
e variedades, mas eles
estão tão largamente
dispersos no interior
do que chamamos de"raças"quanto entre uma
"raça"e outra.(p.62)
“A
raça é uma
categoria discursiva e
não uma categoria
biológica. Isto é,
ela é a categoria organizadora daquelas formas de falar,
daqueles sistemas de representação e práticas sociais (discursos)
que utilizam um
conjunto frouxo, freqüentemente pouco específico, de diferenças em termos de
características físicas — cor da pele, textura do cabelo, características
físicas e corporais, etc. — como marcas simbólicas, a fim de diferenciar
socialmente um grupo de outro.”(p.63)
“Mas mesmo quando o conceito de
"raça" é usado dessa forma discursiva mais ampla,as nações modernas teimosamente se
recusam a ser determinadas por ela.”(p.64)
“As identidades nacionais não
subordinam todas as outras formas de diferença e não estão livres do jogo de poder, de
divisões e contradições internas, de lealdades e de diferenças sobrepostas. Assim, quando
vamos discutir se as identidades nacionais estão sendo
deslocadas, devemos ter
em mente a
forma pela qual
as culturas nacionais contribuem para
"costurar" as diferenças numa única identidade.”(p.65)
4. GLOBALIZAÇÃO
“O capítulo anterior questionou a idéia
de que as identidades nacionais tenham sido alguma vez tão unificadas ou homogêneas quanto fazem crer as representações que delas se fazem. Entretanto, na história
moderna, as culturas nacionais têm dominado a "modernidade" e as
identidades nacionais tendem a se sobrepor a outras fontes, mais particularistas, de identificação
cultural.”(p.67)
“A globalização implica um movimento de
distanciamento da idéia sociológica clássica da "sociedade" como um
sistema bem delimitado e sua substituição por uma perspectiva que se concentra na forma como a vida
social está ordenada ao longo do tempo e do espaço"(Giddens, 1990, p. 64).
Essas novas características temporais e espaciais, que resultam na compressão de distâncias e
de escalas temporais, estão entre os aspectos mais importantes da globalização a ter
efeito sobre as identidades culturais. Eles são discutidos com mais detalhes no que se
segue.”(p.67-68)
Compressão espaço-tempo e identidade
“O que é importante para nosso
argumento quanto ao impacto da globalização sobre a identidade é que o tempo e o espaço são
também as coordenadas básicas de todos os sistemas de representação. Todo meio de
representação — escrita, pintura, desenho,fotografia, simbolização através da
arte on dos sistemas de telecomunicação — deve traduzir seu objeto em dimensões
espaciais e temporais. Assim, a narrativa traduz os eventos numa
seqüência temporal "começo-meio-fim"; os
sistemas visuais de representação traduzem objetos
tridimensionais em duas dimensões.”(p.70)
“No capitulo 3 argumentei que a
identidade está profundamente envolvida no processo de representação. Assim, a moldagem e a
remoldagem de relações espaço-tempo no interior de diferentes sistemas de
representação têm efeitos profundos sobre a forma como as identidades são localizadas e
representadas.”(p.71)
Em direção ao pós-moderno global?
“Alguns teóricos argumentam que o
efeito geral desses processos globais tem sido o de enfraquecer ou solapar formas nacionais
de identidade cultural. Eles argumentam que existem evidências de um afrouxamento
de fortes identificações com a cultura nacional, e um reforçamento de outros laços e
lealdades culturais, "acima" e "abaixo" do nível do estado-nação. As identidades nacionais
permanecem fortes, especialmente com respeito a coisas como direitos legais e de
cidadania, mas as identidades locais, regionais e comunitárias têm se tornado mais
importantes. Colocadas acima do nível da cultura nacional, as identificações
"globais" começam a deslocar e, algumas vezes, a apagar, as identidades nacionais.”(p.73)
“Quanto mais a vida social se torna
mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da
mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados,
mais as identidades se tornam desvinculadas — desalojadas — de tempos, lugares,
histórias e tradições específicos e parecem "flutuar livremente". Somos confrontados
por uma gama de diferentes identidades (cada qual nos fazendo apelos, ou melhor, fazendo
apelos a diferentes partes de nós), dentre as quais
parece possível fazer uma escolha. Foi
a difusão do consumismo, seja como realidade, seja como sonho, que
contribuiu para esse efeito de "supermercado cultural". No interior do discurso do consumismo
global, as diferenças e as distinções culturais,que até então definiam a identidade,
ficam reduzidas a uma espécie de língua franca internacional ou de moeda global, em
termos das quais todas as tradições específicas e todas as diferentes identidades podem
ser traduzidas. Este fenômeno é conhecido como "homogeneização cultural".
(p.75-76)
5. O GLOBAL, O LOCAL E O RETORNO DA ETNIA
“As identidades nacionais estão sendo
"homogeneizadas"? A homogeneização cultural é o grito angustiado
daqueles/as que estão convencidos/as de que a globalização ameaça solapar as identidades e a "unidade"
das culturas nacionais.”(p.77)
“Pode-se considerar,
no mínimo, três
qualificações ou contra tendências principais. A primeira vem
do argumento de Kevin Robin e da observação de que, ao lado da tendência em direção à
homogeneização global, há também uma fascinação com a
diferença e com
a mercantilização da
etnia e da
"alteridade".(...)
A segunda qualificação relativamente ao
argumento sobre a
homogeneização global das identidades é que a globalização é muito
desigualmente distribuída ao redor do globo,entre regiões e entre diferentes
estratos da população dentro das regiões. Isto é o que Doreen Massey chama de
"geometria do poder" da globalização.(...) O terceiro ponto na crítica
da homogeneização cultural é a questão de se saber o que é mais afetado por
ela. Uma vez que a direção do fluxo é desequilibrada, e que continuam a existir
relações desiguais de poder
cultural entre "o
Ocidente" e "o
Resto", pode parecer
que a globalização —
embora seja, por definição,
algo que afeta
o globo inteiro
— seja essencialmente um fenômeno
ocidental.”(p.77-78)
“A proliferação das escolhas de
identidade é mais ampla no "centro" do sistema global que
nas suas periferias.
Os padrões de troca cultural desigual, familiar desde as primeiras fases
da globalização, continuam a existir na modernidade tardia.”(p.77)
“Por outro lado, as sociedades da
periferia têm estado sempre abertas às influências culturais ocidentais
e, agora, mais
do que nunca.
A idéia de
que esses são
lugares "fechados" — etnicamente puros, culturalmente
tradicionais e intocados até ontem pelas rupturas da modernidade — é uma
fantasia ocidental sobre a "alteridade": uma "fantasia colonial"
sobre a periferia, mantida pelo Ocidente, que tende a gostar de seus nativos apenas
como "puros" e de seus lugares exóticos apenas como
"intocados". Entretanto, as evidências sugerem que a globalização
está tendo efeitos em toda parte, incluindo o Ocidente, e a
"periferia" também
está vivendo seu efeito pluralizador, embora num ritmo mais lento e desigual.(p.79-80)
The Rest in the West (O Resto no Ocidente)
“As páginas precedentes apresentaram
três qualificações relativamente à primeira das três possíveis conseqüências da
globalização, isto é, a homogeneização das identidades globais. Elas são:
a) globalização
caminha em paralelo
com um reforçamento das
identidades locais, embora isso
ainda esteja dentro da lógica da compressão espaço-tempo.
b) A globalização é um processo
desigual e tem sua própria "geometria de poder".
c)
A globalização retém
alguns aspectos da
dominação global ocidental,
mas as identidades culturais
estão, em toda
parte, sendo relativizadas pelo
impacto da compressão
espaço-tempo.” (p.80-81)
A dialética das identidades
“O primeiro efeito tem sido o de
contestar os contornos estabelecidos da identidade nacional e o de expor seu fechamento às
pressões da diferença, da "alteridade" e da diversidade cultural. Isto está
acontecendo, em diferentes graus, em todas as culturas nacionais ocidentais e, como
conseqüência, fez com que toda a questão da identidade nacional e da "centralidade"
cultural do Ocidente fosse abertamente discutida.”(p.83)
“Outro efeito desse processo foi o
de ter provocado um alargamento do campo das identidades e uma proliferação de novas
posições-de-identidade, juntamente com um aumento de polarização entre elas.
Esses processos constituem a segunda e a terceira conseqüências possíveis da
globalização, anteriormente referidas — a possibilidade de que a globalização possa levar a um
fortalecimento de identidades locais ou à produção de novas identidades.”(p.84)
“Também há algumas evidências da
terceira conseqüência possível da globalização — a produção de
novas identidades. Um bom exemplo é, o das novas identidades que emergiram nos anos 70, agrupadas ao redor
do significante black, o qual, no contexto britânico, fornece
um novo foco
de identificação tanto
para as comunidades
afro-caribenhas quanto para as asiáticas.”(p.86)
“Como conclusão provisória, parece então que
a globalização tem, sim, o efeito
de contestar e deslocar as identidades
centradas e "fechadas" de urna cultura nacional. Ela tem um efeito pluralizante
sobre
as
identidades,
produzindo
uma
variedade
de
possibilidades e novas posições de identificação,
e
tornando
as
identidades
mais posicionais, mais políticas, mais plurais e diversas; menos fixas, unificadas
ou trans-históricas. Entretanto,seu efeito geral permanece
contraditório.”(p.87)
“Em toda parte, estão emergindo
identidades culturais que não são fixas, mas que estão suspensas, em transição, entre
diferentes posições; que retiram seus recursos, ao mesmo tempo, de diferentes tradições culturais;
e que são
o produto
desses
complicados
cruzamentos e misturas culturais
que
são
cada
vez
mais
comuns
num
mundo
globalizado.”(p.88)
“Essas pessoas retêm fortes vínculos
com seus lugares de origem e suas tradições, mas sem a ilusão de um retorno ao passado.
Elas são obrigadas a negociar com as novas culturas em que vivem, sem simplesmente
serem assimiladas por elas e sem perder completamente suas identidades.”(p.88)
6. FUNDAMENTALISMO, DIASPORA E
HIBRIDISMO
“Algumas pessoas argumentam que o
"hibridismo" e o sincretismo — a fusão entre diferentes tradições culturais
— são uma
poderosa fonte criativa, produzindo novas formas de cultura, mais apropriadas à
modernidade tardia que às velhas e contestadas identidades do passado.
Outras,
entretanto, argumentam que o hibridismo, com a indeterminação, a "dupla consciência"
e o relativismo que implica, também tem seus custos e perigos.”(p.91)
“(...) existem também fortes
tentativas para se reconstruírem identidades purificadas,para
se restaurar
a
coesão,
o "fechamento"
e
a Tradição, frente ao hibridismo e à diversidade. Dois exemplos são o
ressurgimento do nacionalismo na Europa Oriental e o crescimento do
fundamentalismo.”(p.92)
“A tendência em direção
à
"homogeneização
global",
pois,
tem
seu
paralelo
num
poderoso revival da "etnia", algumas vezes de variedades mais
híbridas ou simbólicas,mas também freqüentemente das variedades exclusivas ou
"essencialistas" mencionadas anteriormente.”(p.95)
“O ressurgimento do nacionalismo e de
outras formas de particularismo no final do século XX, ao lado da globalização e a
ela intimamente ligado, constitui, obviamente urna reversão notável, uma virada
bastante inesperada dos acontecimentos. Nada nas perspectivas iluministas modernizantes
ou nas ideologias do Ocidente nem o liberalismo nem, na verdade, o marxismo,
que, apesar de toda sua oposição ao liberalismo, também viu o capitalismo
como
o
agente
involuntário
da
"modernidade"
previa
um
tal
resultado.”(p.96)
“Tanto o liberalismo quanto o marxismo,
em suas diferentes formas, davam a entender que o apego ao local e ao particular
dariam gradualmente vez a valores e identidades mais universalistas e cosmopolitas ou
internacionais; que o nacionalismo e a etnia eram formas arcaicas
de
apego
—a
espécie
de
coisa
que
seria
"dissolvida"
pela
força
revolucionadora da modernidade. De acordo
com essas "metanarrativas" da modernidade, os apegos irracionais ao local
e ao particular, à tradição e às raízes, aos
mitos nacionais e às "comunidades
imaginadas", seriam gradualmente substituídos por identidades mais racionais e
universalistas.”(p.96-97)
http://www.mediafire.com/view/30ea502637g38de/slides_pibid.pptx
Link dos slides da 2ª oficina no IECP- Mulher - Decreto - Lei
http://www.mediafire.com/view/gwkh9ij5en9b6b3/hand_out_2%C2%B0.docx
Link do hand out da 2ª oficina
https://www.mediafire.com/?moyye689m3p15ax
Link do plano de aula da 2ª oficina
Link dos slides da 2ª oficina no IECP- Mulher - Decreto - Lei
http://www.mediafire.com/view/gwkh9ij5en9b6b3/hand_out_2%C2%B0.docx
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https://www.mediafire.com/?moyye689m3p15ax
Link do plano de aula da 2ª oficina
Estes links abaixo dão acesso aos roteiros das peças teatrais apresentadas na seman da Literatura Infantojuvenil no IECP.
- As três porquinhas
Link roteiro: http://www.mediafire.com/view/i9olzm1cm56b7p0/As_tr%C3%AAs_porquinhas.docx
- Boa noite Cinderela
- Resenha das Princesas
Slides Gênero e tipologia textual: conceitos e ensino em atividades do IECP.
Slides: http://www.mediafire.com/view/37pvvwac7u154nf/G%C3%AAnero_e_Tipologia_textual_slide.pptx
Artigo : Gênero e tipologia textual: conceitos e ensino em atividades do IECP.
Artigo http://www.mediafire.com/download/8tqszd4hnoinkon/Tipologia+e+g%C3%AAnero+textual.docx
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